quarta-feira, 29 de junho de 2016

IGGY POP - OPEN UP AND BLEED




Se existe um cara com tesão pela vida, esse cara é o Iggy Pop.
Aos 70 anos, continua na ativa, com direito a quebrar óculos na SPFW em 2015 e lançar um novo álbum com o cantor Josh Homme do Queens of Stone Age, intitulado “Post Pop Depression”.
Com shows marcados até Outubro de 2016, a turnê pode passar pelo Brasil, vamos torcer!

Nascido em Michigan, em Abril de 1947, James Newell Osterberg em sua juventude era um bom aluno, bem articulado e com certa popularidade entre os colegas. Ao formar a banda “The Iguanas” com os amigos de colégio, -  típica banda greasy rock anos 50, com direito a terninhos e brilhantina nos cabelos - James/Iggy descobre que sua verdadeira vocação não é uma carreira política como muitos de seus amigos e professores pensavam, ele nasceu para ser o Mr.Rock'Funking'Crazy'Roll

Depois de ler esta biografia você começa a pensar... "Como esse cara ainda está vivo?" São muitas loucuras e excessos para uma só pessoa: drogas, orgias, automutilação, brigas, internação em manicômio, maldição zumbi, mais sexo e... já falei das drogas? Sim, muitas drogas.

Em várias entrevistas, Iggy Pop declara que foi David Bowie quem salvou sua vida e carreira musical de uma espiral de loucura em que ele se encontrava após o final dos The Stooges no meio da década de 1970. A amizade de Iggy e David foi muito produtiva e inspiradora para ambos, o álbum “The Idiot” é considerado por muitas publicações um dos melhores álbuns de rock até hoje.




Entre altos e baixos, tanto na música como na vida pessoal, é incontestável dizer que: Sem Iggy Pop não existiria o Punk Rock.

O livro “Open Up and Bleed” escrito pelo jornalista Paul Trynka, que já foi editor da revista inglesa “Mojo Magazine”, fez uma boa pesquisa sobre a vida de Iggy Pop.

A biografia também tem seus altos e baixos, principalmente no começo do livro (nos quatro primeiros capítulos, precisamente) em que Paul Trynka descreve por várias páginas a geografia de Michigan e coleta depoimentos de pessoas que conheceram James/Iggy quando criança ou na juventude, sendo que estas não tiveram nenhuma influencia na sua vida pessoal ou carreira musical. Tem até a história de um “bilhete de amor” de uma colega de escola que nunca chegou as mãos do de Iggy que é citado na biografia!

Informações desnecessárias como estas podem desanimar até o fã mais fervoroso do cantor. Em muitos momentos pensei que estava lendo a biografia do MC5, tantas vezes a banda é citada nos primeiros capítulos. A partir do 5° capitulo existe até uma melhora na narrativa, por focar mais na parte musical, o fim dos “The Stooges” e a amizade com Bowie.

Não sei se o autor quis trazer mais material ou se distanciar de outro livro que é essencial para qualquer fã do punk, “Mate-me por favor” de Legs McNeil & Gillian Mccain, onde a história é contada através de várias entrevistas, e a “voz” de Iggy dá o tom da loucura que era viver a década de 1970. Em “Open Up…” os depoimentos do cantor são poucos e menos reveladores. 


Incrível pensar a quantidade de bandas, cantores e até escritores que Iggy inspirou nestas ultimas décadas, alguns estão aqui e outros já se foram há muito tempo ...

Só um livro para descobrir quem é Iggy/James é pouco, uma série de tv com no mínimo 3 temporadas pode ser um começo, porque ele ainda tem muita história para contar. Iggy Pop já mostrou que tem o corpo fechado e não vai parar tão cedo. Amém !


OPEN UP AND BLEED – A VIDA E A MÚSICA DE IGGY POP (2007)
AUTOR : PAUL TRYNKA
EDITORA :  ALEPH
ISBN : 9788576572770



domingo, 8 de maio de 2016

Patti Smith - "Linha M"





“Não é tão fácil escrever sobre o nada” diz o Cowboy para a escritora, o sonho em que eles se encontram pode ser tanto da escritora quanto do Cowboy, quem pode dizer? Antes que o sonho acabe ele conclui: “O escritor é o condutor”

E assim, a partir deste ponto, que Patti Smith nos conduz em seu livro 
“Linha M” (mental train ou mind train). A viagem começa no Café‘Ino, onde Patti nos convida para tomar um café preto com torradas e azeite e contar um  pouco da sua vida. Seus escritores favoritos, falar sobre literatura japonesa, relembrar um pouco de seu passado, seu marido já falecido, sua obsessão por seriados policiais e mostrar algumas de suas fotos Polaroid.

Uma das maiores qualidades de Patti Smith como escritora (assim como em todo sua carreira como compositora/poeta) é a sua maneira despretensiosa e ao mesmo tempo poética de contar uma história e passar a mensagem de forma simples, bela e clara.

O livro pode ser descrito como um diário que não segue uma linha cronológica. São idas e vindas entre o passado e o presente. E é através das fotos, que segundo Patti "são como as medalhinhas que os peregrinos colocam em seus rosários", que acompanhamos esta peregrinação para os túmulos dos escritores que ela tanto admira: Rimbaud, Genet, Plath e Brecht. “Eu tenho pilhas de fotos Polaroid, cada uma marcando meus passos, que às vezes espalho como cartas de tarô ou figurinhas de beisebol de uma imaginaria equipe celestial”.



Muitas passagens do livro são quase oníricas; o Cowboy dos sonhos de Patti aparece algumas vezes durante a jornada, lembrando mais um guia espiritual do que apenas um fruto imaginário de um sonho, alguém que a atormenta e também dá conselhos.

Patti Smith escreve sobre as pequenas coincidências que acontecem em sua vida: datas, lugares, livros, perder e achar coisas misteriosamente. Sua pequenas obsessões por cadeiras, canetas, objetos que se tornam talismãs.Coisas que possuem vida própria e precisam voltar para seu local de origem ou desaparecer para sempre.

Detalhes do cotidiano que nós não damos mais importância.
Estar atento aos recados que o mundo quer dar: conversas com um estranho na rua, se desapegar das coisas materiais, guardar as boas memórias em nossas mentes e corações.

Ao ler “Linha M” tente compara-lo a uma boa xícara de café, deguste aos poucos, tente sentir os aromas e nuances de cada capitulo sem pressa porque o livro tem só 206 paginas e acaba muito rápido. E acredite, você não vai querer que ele termine tão cedo.

“Como ficamos tão velhos? Pergunto ás minhas articulações, ao meu cabelo cor de ferro. Agora já estou mais velha que meu amor, que meus amigos que já se foram. Talvez eu viva tanto que a Biblioteca Publica de Nova Yorke  seja obrigada a me ceder a bengala de Virginia Woolf. Eu cuidaria da bengala para ela, das pedras de seu bolso. Mas também seguiria vivendo, recusando entregar minha caneta.”




LINHA M (2015)
AUTOR : PATTI SMITH
EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS
ISBN: 9788535926934




sexta-feira, 15 de abril de 2016

Stephen King - "Sobre a Escrita" & "Coração Assombrado"




Aos 13 anos li meu primeiro livro “adulto”: “Christine”, uma edição de banca de jornal da Nova Cultural, depois “A incendiária”, “Carrie”, “O Iluminado”...
Com 15 anos comecei a pegar emprestado os livros do SK na biblioteca: “A Coisa” parte 1 e 2 (isso mesmo), “A Hora do Vampiro”, “Os Estranhos” e um dia a bibliotecária me disse: “Acho que esses livros não são para sua idade!” 

Não importava, eu era uma transgressora!!! Ler sobre assuntos que ninguém da minha turma queria saber, por medo ou mesmo falta de interesse. Violência, morte, demônios, loucura, fantasmas, terror, horror ... cheguei até a cogitar em não devolver nunca mais “As 4 estações” !!! Mas não fui tão rebelde assim...  

Tente imaginar um mundo sem internet, tv a cabo, revistas importadas... 
Assim era o começo dos anos 1990.

Descobrir quem era meu autor preferido não foi fácil, as únicas fontes de informação eram as  poucas entrevistas em revistas nacionais e jornais e se desse sorte ver uma matéria no “Fantástico”...sério!!. E foi a partir delas que me dei conta que Stephen King poderia ser meu vizinho, um professor ou o cara que você encontra no supermercado...por mais estranho que pareça, ele é um cara normal. 
  
A biografia não autorizada “Coração Assombrado” de Lisa Rogak, é uma das melhores biografias sobre Stephen King até hoje. 

A autora faz uma compilação de entrevistas para jornais, revistas e televisão, coloca tudo em ordem cronológica e narra a historia de forma fluida e leve. 
O livro é uma ótima fonte de informação sobre Mr. King que alias sempre foi um livro aberto e nunca escondeu seus medos: do escuro, de aranhas, da porta do armário aberta, palhaços ... e seus vícios; uso continuo de álcool e drogas durante os anos de 1980. 

A coisa foi tão séria que até hoje SK não se lembra de ter escrito “Cujo”, por exemplo.

Uma das polemicas que envolveram o escritor aconteceu no final dos anos 1990, quando SK resolveu retirar do mercado o livro “Rage”, por achar que poderia ser usado como “manual” por algum maluco de plantão.

Sobre a violência em seus livros ele deixa claro:
“Não acredito que alguma vez algum garoto tenha sido influenciado a um ato de violência por um Cd do Metallica, Marylin Mason ou um livro do Stephen King, mas acredito que essas coisas podem atuar como aceleradores. Aqui nos Estados Unidos existe a disponibilidade das armas. As armas são o cerne da questão. Existe uma cultura de violência no pais, e eu seria a ultima pessoa a negar que faço parte dela, mas eu sou apenas um filho da nossa cultura.”





Stephen King já  foi criticado por ser popular demais, verborrágico, escritor celebridade, rei do terror para adolescentes... O critico literário Harold Bloom, seu maior “inimigo”, declarou que dar um premio como o National Book Fundation para Stephen King era “Mais um degrau abaixo no chocante processo de estupidificar nossa vida cultural”.

E agora que Stephen King recebeu das mãos do Presidente Obama, a Medalha Nacional de Artes? O que você me diz Sr.Bloom?


Demorou 15 anos para “Sobre a Escrita” ser publicado aqui no Brasil.
Minhas esperanças já estavam perdidas há anos. Assim como o livro “Writing for Comics” do Alan Moore, “piratiei” o PDF de “On Writing”...não me julguem !

O que sempre me impressionou em sua escrita é o mesmo que os críticos odeiam: a maneira informal e simples de se expressar. Ele te chama para um bate papo em sua sala; “Ei, venha aqui, preciso te contar algo”. E ele faz isso com maestria, trazer essa intimidade e te transportar para a mente dele sem que você perceba.

O livro é dividido em duas partes, na primeira você encontra uma autobiografia onde King fala um pouco de suas influencias literárias, idéias, infância, seus vícios, sobre sua esposa Tabitha e seus filhos. E na segunda, dicas sobre personagens, o que usar ou não, “o advérbio não é seu amigo” e dicas de leitura. Quer ser um escritor de verdade? Uma das dicas de SK é escrever mil palavras por dia e tirar só um dia de folga na semana !

Inspirador e muito bem humorado, o livro tem só 255 páginas, (pouco para SK) mas o necessário para quem quer aprender com o mestre. 

Impossível não ficar com um sorriso no rosto, quando SK escreve : 
“Coloque sua mesa em um canto e, todas as vezes em que se sentar para escrever, lembre-se da razão de ela não estar no meio da sala. A vida não é um suporte à arte. É exatamente o contrário”

terça-feira, 12 de abril de 2016

MINI GUIA DE LEITURA - "A TORRE NEGRA" de STEPHEN KING




Sou fã do Stephen King há muito tempo e sempre ouço a seguinte pergunta: 
“E a série Torre Negra ? Nunca li nada do autor posso começar por ela?” 
A resposta é : “Depende...”
Não ajudei muito não é mesmo? 
Mas existe um porquê:

Por ser uma série de 7 livros e já concluída (?ou não?) para quem não está acostumado a ler sequências pode ser cansativa e por vezes confusa, e ao chegar ao 3° ou 4° livro, a pessoa pode desistir no meio do caminho. Ao perceber que isso acontece com certa freqüência, resolvi fazer um guia rápido para acompanhar a série e entender sua dinâmica.

1. Ler “A Dança da Morte” é essencial. 
Este clássico com mais de 1200 páginas foi escrito em 1978 e continua atual.O livro é divido em 3 partes, portanto você pode “dar um tempo” se quiser e retomar a leitura depois. Não dá para esquecer a história e conforme ela evolui, os personagens ganham vida e quando conhecemos suas histórias e entendemos suas personalidades é impossível esquece-los. O livro é sobre uma gripe que mata mais de 95% da população mundial e a correlação com a “Torre Negra” só fica obvia até você ler o 4° livro “Mago e Vidro” onde os universos dos dois livros se cruzam.O principal vilão da obra de King, o onipresente e onipotente Randall Flagg, aparece em a “Dança da Morte”de maneira significativa. É preciso ler para entender.

2. "Meu Deus !! Não quero ler um livro de 1200 páginas !!!" 
Tudo bem, você pode começar com “Os Olhos do Dragão”. Talvez este seja um dos livros menos conhecidos ou comentados do autor, infelizmente. Não é um livro de terror, mas sim uma fábula sobre o reino de Delain, Rei Roland e o feiticeiro Flagg. Inicialmente o livro foi voltado para o mercado juvenil mas na época não foi bem recebido pela critica e também por seus fãs (!) que só entenderam a relevância do livro depois que série a “Torre Negra” estava completa.

3. Após ler o 4° livro “Mago e Vidro” é necessário ler “O vento pela Fechadura” ?
Tudo vai depender de você ! Se já estiver apegado ao pistoleiro Roland Deschain e seu Ka-tet  e quiser postergar a jornada até o próximo livro...vale. Agora se você quiser ler após o final da série porque ficou com saudades dos personagens também vale! É uma história dentro de uma história, que explica muito sobre a personalidade de Roland e sua infância.Um livro que me emocionou bastante, muito bem escrito e com belíssimas passagens.

4. Você terá que ler “Salem’s Lot/A hora do Vampiro”
para entender o 5° “Os Lobos de Calla”
De todos os livros que acrescentam informações este não dá para pular ou deixar para depois.O personagem que está em destaque é o Padre Callahan e ao ler “Salem’s” você entende o que acontece em “Lobos” e vice-versa. Só a mente do mestre é capaz de fazer estas conexões loucas, um dos momentos mais incríveis da série, mas não o único...

Adendo: Pode ser spoiler ou não, sei lá...já se passaram mais de 10 anos então não é spoiler (será??)  Preciso falar de “Canção de Susannah” o 6° livro da série. Foi uma das coisas mais loucas e excepcionais que já li do SK ! O autor vira personagem do seu próprio livro e encontra com seus personagens. Muito do que aconteceu na vida de King está neste livro, de uma maneira ou de outra, mais ecos que reverberam entre as suas obras e agora a realidade, mas o que é real? Mais philipkdiano impossível.

5. Sobre o livro “Insônia”, não é uma leitura fácil. 
Não é para pessoas que nunca leram a obra de SK. 
Quando o li na época, +/- 1996, tive pesadelos. É serio!! Ao terminar fiquei confusa e assombrada, só fui descobrir o porquê depois de mais de uma década. É sobre envelhecer, encarar a morte, tentar entender o mundo espiritual, ele existe ou não? O que é loucura e o que é real? A Torre Negra aparece nestas visões do personagem Ralph Roberts, que começa a ter insônia e ver a áurea das pessoas ! Os mundos entram em colapso e a Torre é a conexão.

Espero que esse mini-guia tenha sido útil. 
Sei que deixei outros livros de fora, mas acredito que estes sejam os mais relevantes para acrescentar a série. Boa leitura !


quarta-feira, 2 de março de 2016

ED SHEERAN: UMA JORNADA VISUAL



Em Dezembro de 2015, Ed Sheeran anunciou em sua pagina no Facebook : “Vou dar um tempo do meu telefone, e-mail e todas as mídias sociais por enquanto, eu estive em uma jornada maravilhosa durante estes 5 anos e me encontrei vendo o mundo através de uma câmera e não com meus próprios olhos (...)”

Sheeran deu uma pausa em sua “mini-férias” para comparecer no Grammy 2016, onde o cantor ganhou 2 prêmios: Melhor Artista Pop Solo e Melhor Canção do Ano com “Think out Loud”. Mais do que merecido, pois o ano de 2015 foi o ano de Ed Sheeran.

O que dizer de um rapaz de 24 anos, que consegue lotar o Wembley Stadium por 3 dias, com um publico aproximado de 270 mil pessoas, sozinho, sem nenhuma banda, apenas com um violão e um pedal de loop? É preciso ter muita coragem, ser muito profissional e acima de tudo acreditar naquilo que faz.

“Sou a prova viva que ninguém nasce com talento (...) Tudo isso vem com a prática, tudo vem com a prática.Você começa com uma chama fraquinha, só depende de alimentar a chama ou não.”

Modéstia à parte, ao ler “Ed Sheeran Uma Jornada Visual” você descobre que o caminho para o sucesso começou desde criança, onde ele já apresentava uma inclinação artística e certa facilidade para aprender instrumentos. Na escola, no entanto, ele não ia nada bem : "Eu não me sentia nem um pouco estimulado no colégio. Em quase toda aula, acabava pensando:Que coisa inútil.(...)Sou apenas uma estatística da escola para as metas do governo. Assim, deixei a escola sem de fato aprender muita coisa. Sou inteligente no que diz a respeito a lições de vida, mas definitivamente uma negação em termos acadêmicos.A unica matéria que me dediquei foi música."
 
Suas primeiras influencias musicais são os Beatles, Van Morrison, Bob Dylan, Eric Clapton e Elton John, artistas que seu pai tocava constantemente em casa ou no carro. Depois, na sua adolescência, ele começou a ouvir Damien Rice, Green Day e Eminem. O que explica algumas músicas com bases de Rap e Hip Hop, todas feitas apenas com voz e violão.

Aos16 anos, com o apoio dos pais, Ed Sheeran saiu de casa e foi tocar nas ruas e no metro de Londres. Morou de favor na casa de amigos e conhecidos por um bom tempo até ganhar um pouco de atenção de produtores e gravadoras, mas nenhum dinheiro. Desta época, você pode encontrar alguns vídeos no YouTube  e ver como Ed consegue atrair a atenção com sua música e talento.

Fiel aos seus ideais, não mudou seu estilo de tocar, seu visual ou aceitou os conselhos de agentes musicais. Dessa maneira conseguiu se destacar nas mídias alternativas e com a ajuda de amigos, vender sua música pela internet e divulgar seu trabalho nas mídias sociais.



São poucas as pessoas que ele ouviu durante a sua ascensão musical, uma delas é a sua amiga Taylor Swift, que apresentou Ed Sheeran ao publico americano durante sua turnê de 2012 “Red Tour”. E o cantor  Elton John, que ficou tão impressionado com o talento de Sheeran que virou seu “padrinho” musical.

Boa parte do conceito visual das capas de Cds e singles de Ed Sheeran foram criadas por seu amigo de infância, o artista Phillip Butah, que aos16 anos foi o ganhador mais jovem na competição “Jovens Artistas Grã-Bretanha”. Ed não pensou duas vezes ao convidar Phillip para ilustrar o livro e mostrar seu incrível trabalho. 

Podemos dizer que "Ed Sheeran Uma Jornada Visual", é um livro somente para fãs ? Talvez... 
Mas também é para aqueles que gostam de música pop e não conheçam tão bem a carreira de Ed Sheeran, um rapaz simples, excelente compositor e cantor e com grandes sonhos.


ED SHEERAN: UMA JORNADA VISUAL (2014)
Autores: Ed Sheeran, Phillip Butah
Editora BestSeller
ISBN: 9788576849322


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Patti Smith - Só Garotos



Algumas pessoas acreditam em Deus, outras na sorte, algumas gostam de usar frases “nada acontece por acaso” ou  “foi obra do destino”.

A jovem Patrícia Lee era uma adolescente sonhadora no final da década de 1960. Amante dos livros e da poesia, chegou a ser ameaçada pelas colegas de trabalho, um grupo de mulheres duras e alfabetas, foi chamada de comunista por ler Rimbaud, um autor estrangeiro. Patti não pertencia ao lugar que nasceu, Nova Jersey, precisava sair daquela cidade o mais rápido possível. Aos dezoito anos teve um filho que deu para a adoção e um ano depois, diante da estátua de Joana d’Arc, fez uma promessa para a Santa e para a criança que jamais conheceria; seria alguém na vida. 

Aos 20 anos Patti decide ir para Nova York.
E é agora que a mão de Deus ou a obra do destino acontece pela primeira vez em sua vida. Ao chegar na estação percebe que o preço da passagem é maior do que ela poderia pagar, sem dinheiro, resolve ligar para sua irmã.       E agora? Pedir ajuda para voltar para casa e sentir a vergonha da derrota?

Ela entra na cabine telefônica: 
“Mas ali mesmo, na prateleira embaixo do telefone, entre as grossas paginas amarelas, havia uma carteira branca de couro. Continha um medalhão e trinta dólares, quase uma semana de pagamento do meu ultimo emprego. Contrariando meu melhor juízo, peguei o dinheiro mas deixei a carteira no guichê das passagens na esperança de que a dona pelo menos viesse procurar o medalhão. Não havia nada ali que revelasse a identidade dela. Só posso agradecer, como tenho feito comigo mesma muitas vezes ao longo dos anos, essa benfeitora desconhecida, foi o sinal de boa sorte de uma ladra. Aceitei a doação da pequena carteira branca como a mão do destino me empurrando para frente.”  

Quando chega em NY, Patti não encontra seus amigos. Por algumas semanas dorme na rua, em parques, trens do metro e até em cemitérios. Divide sanduíches de pão com alface com um morador de rua e passa fome também. A cidade de NY que Patti nos transporta é caótica e decadente, mas não violenta, Era a época em que John Lennon pedia uma chance para a paz, os beatniks tomavam conta dos bares e também do LSD e da maconha.

A efervescência cultural e musical estavam em seu ápice e também na inevitável curva da queda. Logo o Flower Power morreria e o Punk Rock tomaria conta da cidade, e depois do mundo. E Patti Smith será uma das maiores responsáveis por essa mudança. 


Um Amor Para Toda a Vida

Já li muitas biografias de músicos, mas até hoje a de Patti Smith foi a que mais me emocionou. Patti sempre seguiu seus sonhos, passou por situações difíceis e nunca se colocou como vitima. Sempre se posicionou como uma artista, fugiu dos estereótipos de beleza, foi a voz de uma geração que não acreditava mais em promessas e precisava de uma nova direção.

O livro “Só Garotos”, é uma bela história de amor entre ela e seu amante/amigo Robert Mapplethorple, uma relação de amizade que durou até a morte de Robert em 1989.
O livro foi uma promessa que ela fez para Robert antes dele morrer, contaria a historia dos dois. E só podemos agradecer por ela cumprir esta promessa.

Eram dois jovens perdidos na cidade grande, produzindo arte de várias formas até encontrar seus caminhos. Aconteceram muitos encontros e desencontros, “casamento de mentira” para agradar os pais, a primeira separação do casal, devido ao interesse de Robert  por conhecer o submundo do sadomasoquismo e homossexualismo. A volta da relação, o companheirismo e a eterna devoção mútua como artistas e amigos.

“Ambos descobrimos que queríamos demais. Só éramos capazes de doar a partir da perspectiva do quem éramos e do que cada um tinha a oferecer. Separados, fomos capazes de enxergar com mais clareza que um não queria mais ficar sem o outro.”

Há alguns anos especularam fazer uma adaptação para um filme, agora os boatos são sobre um seriado. Acredito que seria interessante adaptar o livro sim, porque muitas coisas acontecem não só na vida dos dois, como ao redor deles.O Hotel Chelsea, quase um personagem no livro, por exemplo, poderia ser um filme a parte. Mas nada se compara a experiência de acompanhar Patti Smith em sua jornada de vida e descobertas através de suas próprias palavras. 



Só Garotos (2010)
Autor: Patti Smith
Editora:Companhia das Letras
ISBN : 9780060936228

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Kim Gordon - A Garota da Banda



O fim é o começo do livro.
O fim de uma banda, de um casamento e de uma carreira musical.
Um bom começo para um livro e também um começo bem triste. 
O fim aconteceu em 2011; São Paulo no “Festival de Música e Artes SWU”.

Quando você assiste ao show após ler o primeiro capitulo e percebe as emoções que passaram desapercebidas pelo publico, é impossível não tirar os olhos da garota da banda.

Segundo Kim Gordon : “Alguém me disse que o show inteiro de São Paulo está on line, mas eu nunca vi e não quero ver.”

Você percebe uma certa frustração em suas atitudes e a angustia para deixar aquele palco o mais rápido possível, quando Kim começa a cantar primeiro sua voz embarga, depois ela grita a todos os pulmões, algo está acontecendo mas você só irá entender depois de quatro anos quando sua biografia “Girl In a Band” é lançada.

Tenho que confessar, nunca fui fã do Sonic Youth, fugia muito do rock que eu ouvia na época, Stone Roses, Teenage Fanclub, Tindersticks, The Cure, The Clash, Bauhaus, R.E.M ...

Sempre achei Sonic Youth muito barulhento, tinha aqueles “lances” de jazz experimental, não entendia as letras, enfim... Mas uma coisa sempre me chamou atenção; a baixista. Quem era ela e por que estava em uma banda como aquela? Ah, ela é casada com o vocalista !! Não, não era só isso, ela se vestia de uma maneira legal, diferente, não forçava ser uma mulher sexy, na verdade nem sorria !

Nos anos 1990, a Mtv Brasil começou a tocar sem parar “100%” e “Sugar Cane”. Era o começo do grunge, do rock de Seatle ou similares, acredite, mais da metade da programação da Mtv naquela época era rock alternativo, velhos tempos...

Com o sucesso, ou a maior exposição pela mídia, como Kim Gordon descreve no livro, os problemas dentro de seu casamento começam. Conhecer os bastidores dessa época é muito legal, a amizade deles com o Nirvana, os festivais, as dificuldades que a banda teve para divulgar seu trabalho. Parece que foi ontem, só que já se passaram mais de 20 anos !! 

Kim nos conta sobre sua infância, a vontade de ser artista, um relacionamento complicado com seu irmão esquizofrênico, seu envolvimento com a pintura.Sobre seu ex marido Thurston Moore, parece que ela omite um pouco sobre o começo do romance (um certo ressentimento?) conta sobre como descobriu a traição, mas é bem discreta sobre o processo traumático da separação.

O melhor foi conhecer um pouco mais sobre a garota que ficava em um canto do palco tocando seu baixo, seus pensamentos, conhecer a mulher que ela se tornou após tantas experiências dentro deste mundo quase que exclusivo dos homens.

“Em um nível mais pessoal,“Shaking Hell” espelha bem minha luta contra minha própria identidade e a raiva que sentia sobre quem eu era. Toda mulher sabe o que quero dizer quando digo que as meninas crescem com um desejo de agradar, de ceder seu poder para outras pessoas. Ao mesmo tempo, todo mundo conhece os modos às vezes agressivos e manipuladores com os quais os homens muitas vezes exercem poder no mundo, e como, ao usar a palavra empoderamento para descrever as mulheres, os homens estão simplesmente mantendo seu próprio poder e controle. Anos depois de sair de L.A, eu ainda podia ouvir a voz do louco do meu irmão no meu ouvido, sussurrando: Eu vou dizer a todos os seus amigos que você chorou.”  

Muitos momentos são bem reveladores e emocionantes, uma biografia que merece ser lida, seja você fã ou não do Sonic Youth.


A Gorota da Banda (2015)
Autor: Kim Gordon
Editora: Fabrica 231
ISBN : 9788568432358


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Joy Division - So This is Permanence & Kevin Cummins





Biografias e livros fotográficos servem como portais do tempo para os fãs,
principalmente quando as bandas não existem mais ou seus artistas já morreram.

Os livros trazem um pouco da intimidade, pensamentos e curiosidades que de outra maneira não teríamos acesso. Registros de uma época, de uma vida, frações de pensamentos através de cartas e poemas nos aproximam de nossos ídolos e só podemos especular porque mudaram certas frases ou riscaram parágrafos que parecem perfeitos.        
                       
Em 2014 foi lançado “So This is Permanence”, uma compilação com os manuscritos das letras do Joy Division. São parte dos cadernos/agendas que estavam sempre com o cantor, versões alternativas, letras inéditas e algumas amostras da prosa de Ian Curtis.

A segunda parte do livro contem flyers de shows, cartas de fãs, uma entrevista para um fanzine, reproduções da arte original dos singles e os livros que acompanharam Ian Curtis: Rimbaud, Sartre, Dostoievski, Huxley...

Ian Curtis se suicidou em 1980 aos 23 anos. Seu legado poético, sua voz e suas performances ecoam até hoje e de tempos em tempos é ressuscitado. Por que? As pistas estão neste livro. 

Curtis tinha essa urgência de escrever, mostrar suas angustias, dúvidas e paixões através das músicas.Quais são os jovens músicos que fazem o mesmo nos dias de hoje? Eu só conheci um, há muito tempo; Kurt Cobain e ele também está morto.    





“A luz estava terrível, era meio da tarde, monótono e cinza . Eu estava realmente preocupado que a minha carreira como “fotografo de rock” iria terminar com essa sessão de fotos. Eu pedi para eles irem até o centro da ponte, pensei que poderia tirar algumas fotos deles andando até mim como um borrão.Também pensei em fotografar eles da estrada, minha câmera olhou para eles; a banda olhando para longe de Manchester. Enquanto eles ficaram lá esperando por mim, percebi que aquela era a foto que eu queria."

Esta é a história da foto preferida de Kevin Cummins; “The road out of Manchester”, umas das famosas e icônicas fotos que o iniciante fotografo tirou da também iniciante banda Joy Division no ano de 1979.

Antes da fotografia digital, você fotografava somente com um rolo de filme e rezava para não perder o momento certo. Será que você lembra disso?           Se você nasceu depois de 1990 com certeza não !

Kevin Cummins lembra que contava cada “frame”, ele era um fotografo freelancer no começo de carreira, tinha que bancar do próprio bolso cada rolo de filme e cada revelação. As bandas fotografadas eram iniciantes, do cenário punk, desconhecidas, muitas sem contratos de gravadoras, apenas com fitas demo ou compactos simples independentes e a maioria delas da cidade industrial de Manchester.

De uma dessas sessões saiu a primeira foto de Ian Curtis que virou a capa na NME, jornal semanal britânico, que apresentou a banda para grande publico.

Kevin Cummins acompanhou o Joy Division entre 1977 até 1979, e esta compilação das suas fotos mostra a banda em ensaios, entrevistas e shows. É um livro para ter e não emprestar para ninguém nunca ! Obs: deixar ver somente com supervisão e usando luvas, pois todas as fotos são em P&B. No livro Cummins explica que foram poucas as fotos do JD coloridas pois o filme e revelação eram muitos caros e os jornais publicavam apenas em P&B.

Outro fotógrafo que acompanhou a banda e também fez fotos icônicas foi Anton Corbijin. Em 2007, Corbijin dirigiu “Control”, filme baseado na biografia da viúva Deborah Curtis.

No ano de 2010, Kevin Cummins voltou à Hulme, Manchester, para tirar outras fotos da mesma ponte.
O cenário parecia o mesmo; frio, cinza e monótono mas não havia neve 
e não havia uma banda. 



Joy Division by Kevin Cummins (2010)
Editora: Rizzoli
ISBN: 9780847834815

So This is Permanence:
Joy Division Lyrics and Notebooks by Ian Curtis (2014)
Editora: Chronicle Books
ISBN: 9781452138459


domingo, 21 de fevereiro de 2016

JOY DIVISION - UNKNOWN PLEASURES



JOY DIVISION - UNKNOWN PLEASURES

Esta resenha não contem spoilers.
Então, não será nenhuma surpresa chegar ao final do livro e saber 
que o cantor se suicidou.

Opss, você não sabia? É o que acontece com pelo menos um quarto dos jovens que vestem a camiseta com a clássica imagem escolhida por Peter Saville para o primeiro disco da banda.Digo isso com convicção pois estive na estréia do filme “Control” do diretor Anton Corbjin e ouvi as mais diferentes pérolas...deixa pra lá.

Vamos nos focar no que interessa, o livro “Joy Division/Unknow Pleasures” escrito pelo integrante mais polêmico das duas bandas JD e New Order, o baixista Peter Hook.

Além de ser um dos mais influentes baixistas do punk rock, Peter Hook se mostrou um ótimo escritor, bem humorado ele conta a história do começo do Joy Division, a amizade e as brigas com Bernard Summer (hoje, seu nêmesis) e mostra um lado da banda desconhecida para muitos fãs.

Até então as atenções eram sempre voltadas para o vocalista Ian Curtis e o seu triste fim. Muitas foram as biografias e documentários, oficiais ou não, que contribuíram para criar o mito do poeta/depressivo/suicida de Ian Curtis. O livro de Hook desfaz esse mito, não de modo proposital nem desrespeitoso, pelo contrário, parece que nunca conheci o vocalista do JD antes, eles eram quatro jovens da classe trabalhadora de Manchester, que queriam ganhar dinheiro, ter uma certa fama, talvez. Mas acima disso, fugir da mesmice, quebrar as regras, ter uma voz, dizer para as pessoas : “Estou aqui, vocês não podem virar a cara para nós”

Essa era a verdadeira essência do punk rock, mostrar as diferenças de classes, o inconformismo com as leis e governantes, mandar um “Fuck Off” para a rainha e todos os moralistas de plantão. Muito diferente da geração de hoje que busca a fama pela fama, através de apelação sexual barata e letras vazias.

Ele eram jovens ingênuos também, segundo Hook, as drogas pesadas não fizeram parte da vida da banda, maconha e bebida eram as únicas consumidas. Quando Ian Curtis descobriu sua epilepsia ele já tomava remédios suficientes para ficar com sua saúde debilitada e os outros integrantes temiam que outras drogas piorassem a condição do vocalista.Contratos de shows e discos que não renderam dinheiro, gastos com a banda, demo tapes que não deram certo.Eles nunca ganharam nenhum dinheiro com a venda de sua camiseta (aquela) que virou a marca da banda, mas nunca registrada.

Peter Hook não entra em detalhes sobre o romance entre Curtis e Annik Honoré, escreve que não se lembra muito dela. Ok, vamos deixar assim. Não faz falta nesta biografia, esse assunto já foi bem explorado no livro "Tocando a Distância " da viúva Deborah Curtis.

Os momentos mais engraçados sobre pregar peças em outras bandas “concorrentes”, brigas durante shows e bebedeiras, mostram o lado fanfarrão de Hook, o “Rock Star”da banda, algo que incomodava bastante Bernard Summer, e não faltam farpas e ironias quando o baixista fala de seu ex-amigo.

Peter Hook lançou em 2010 “The Hacienda: How Not to Run a Club” sobre os loucos anos do club mais famoso de Manchester, agora falta a biografia do New Order,  por favor Mr.Hook não demore!!



JOY DIVISION - UNKNOWN PLEASURES (2012)
Autor : Peter Hook
Editora : SEOMAN

ISBN: 9788555030109