JOY DIVISION - UNKNOWN PLEASURES
Esta resenha não contem
spoilers.
Então, não será nenhuma
surpresa chegar ao final do livro e saber
que o cantor se suicidou.
Opss, você não sabia? É o que
acontece com pelo menos um quarto dos jovens que vestem a camiseta com a
clássica imagem escolhida por Peter Saville para o primeiro disco da banda.Digo
isso com convicção pois estive na estréia do filme “Control” do diretor Anton
Corbjin e ouvi as mais diferentes pérolas...deixa pra lá.
Vamos nos focar no que
interessa, o livro “Joy Division/Unknow Pleasures” escrito pelo integrante mais
polêmico das duas bandas JD e New Order, o baixista Peter Hook.
Além de ser um dos mais
influentes baixistas do punk rock, Peter Hook se mostrou um ótimo escritor, bem
humorado ele conta a história do começo do Joy Division, a amizade e as brigas
com Bernard Summer (hoje, seu nêmesis) e mostra um lado da banda desconhecida
para muitos fãs.
Até então as atenções eram
sempre voltadas para o vocalista Ian Curtis e o seu triste fim. Muitas foram as
biografias e documentários, oficiais ou não, que contribuíram para criar o mito do
poeta/depressivo/suicida de Ian Curtis. O livro de Hook desfaz esse mito, não
de modo proposital nem desrespeitoso, pelo contrário, parece que nunca conheci
o vocalista do JD antes, eles eram quatro jovens da classe trabalhadora de
Manchester, que queriam ganhar dinheiro, ter uma certa fama, talvez. Mas acima
disso, fugir da mesmice, quebrar as regras, ter uma voz, dizer para as pessoas
: “Estou aqui, vocês não podem virar a cara para nós”
Essa era a verdadeira
essência do punk rock, mostrar as diferenças de classes, o inconformismo com as
leis e governantes, mandar um “Fuck Off” para a rainha e todos os moralistas de
plantão. Muito diferente da geração de hoje que busca a fama pela fama, através
de apelação sexual barata e letras vazias.
Ele eram jovens ingênuos
também, segundo Hook, as drogas pesadas não fizeram parte da vida da banda,
maconha e bebida eram as únicas consumidas. Quando Ian Curtis descobriu sua
epilepsia ele já tomava remédios suficientes para ficar com sua saúde
debilitada e os outros integrantes temiam que outras drogas piorassem a
condição do vocalista.Contratos de shows e discos que não renderam dinheiro,
gastos com a banda, demo tapes que não deram certo.Eles nunca ganharam nenhum
dinheiro com a venda de sua camiseta (aquela) que virou a marca da banda, mas
nunca registrada.
Peter Hook não entra em
detalhes sobre o romance entre Curtis e Annik Honoré, escreve que não se lembra
muito dela. Ok, vamos deixar assim. Não faz falta nesta biografia, esse assunto
já foi bem explorado no livro "Tocando a Distância " da viúva Deborah
Curtis.
Os momentos mais engraçados
sobre pregar peças em outras bandas “concorrentes”, brigas durante shows e
bebedeiras, mostram o lado fanfarrão de Hook, o “Rock Star”da banda, algo que
incomodava bastante Bernard Summer, e não faltam farpas e ironias quando o
baixista fala de seu ex-amigo.
Peter Hook lançou em 2010
“The Hacienda: How Not to Run a Club” sobre os loucos anos do club mais famoso
de Manchester, agora falta a biografia do New Order, por favor Mr.Hook não demore!!
JOY DIVISION - UNKNOWN PLEASURES (2012)
Autor : Peter Hook
Editora : SEOMAN
ISBN: 9788555030109