domingo, 21 de fevereiro de 2016

JOY DIVISION - UNKNOWN PLEASURES



JOY DIVISION - UNKNOWN PLEASURES

Esta resenha não contem spoilers.
Então, não será nenhuma surpresa chegar ao final do livro e saber 
que o cantor se suicidou.

Opss, você não sabia? É o que acontece com pelo menos um quarto dos jovens que vestem a camiseta com a clássica imagem escolhida por Peter Saville para o primeiro disco da banda.Digo isso com convicção pois estive na estréia do filme “Control” do diretor Anton Corbjin e ouvi as mais diferentes pérolas...deixa pra lá.

Vamos nos focar no que interessa, o livro “Joy Division/Unknow Pleasures” escrito pelo integrante mais polêmico das duas bandas JD e New Order, o baixista Peter Hook.

Além de ser um dos mais influentes baixistas do punk rock, Peter Hook se mostrou um ótimo escritor, bem humorado ele conta a história do começo do Joy Division, a amizade e as brigas com Bernard Summer (hoje, seu nêmesis) e mostra um lado da banda desconhecida para muitos fãs.

Até então as atenções eram sempre voltadas para o vocalista Ian Curtis e o seu triste fim. Muitas foram as biografias e documentários, oficiais ou não, que contribuíram para criar o mito do poeta/depressivo/suicida de Ian Curtis. O livro de Hook desfaz esse mito, não de modo proposital nem desrespeitoso, pelo contrário, parece que nunca conheci o vocalista do JD antes, eles eram quatro jovens da classe trabalhadora de Manchester, que queriam ganhar dinheiro, ter uma certa fama, talvez. Mas acima disso, fugir da mesmice, quebrar as regras, ter uma voz, dizer para as pessoas : “Estou aqui, vocês não podem virar a cara para nós”

Essa era a verdadeira essência do punk rock, mostrar as diferenças de classes, o inconformismo com as leis e governantes, mandar um “Fuck Off” para a rainha e todos os moralistas de plantão. Muito diferente da geração de hoje que busca a fama pela fama, através de apelação sexual barata e letras vazias.

Ele eram jovens ingênuos também, segundo Hook, as drogas pesadas não fizeram parte da vida da banda, maconha e bebida eram as únicas consumidas. Quando Ian Curtis descobriu sua epilepsia ele já tomava remédios suficientes para ficar com sua saúde debilitada e os outros integrantes temiam que outras drogas piorassem a condição do vocalista.Contratos de shows e discos que não renderam dinheiro, gastos com a banda, demo tapes que não deram certo.Eles nunca ganharam nenhum dinheiro com a venda de sua camiseta (aquela) que virou a marca da banda, mas nunca registrada.

Peter Hook não entra em detalhes sobre o romance entre Curtis e Annik Honoré, escreve que não se lembra muito dela. Ok, vamos deixar assim. Não faz falta nesta biografia, esse assunto já foi bem explorado no livro "Tocando a Distância " da viúva Deborah Curtis.

Os momentos mais engraçados sobre pregar peças em outras bandas “concorrentes”, brigas durante shows e bebedeiras, mostram o lado fanfarrão de Hook, o “Rock Star”da banda, algo que incomodava bastante Bernard Summer, e não faltam farpas e ironias quando o baixista fala de seu ex-amigo.

Peter Hook lançou em 2010 “The Hacienda: How Not to Run a Club” sobre os loucos anos do club mais famoso de Manchester, agora falta a biografia do New Order,  por favor Mr.Hook não demore!!



JOY DIVISION - UNKNOWN PLEASURES (2012)
Autor : Peter Hook
Editora : SEOMAN

ISBN: 9788555030109