Biografias e livros fotográficos servem como
portais do tempo para os fãs,
principalmente quando as bandas não existem mais
ou seus artistas já morreram.
Os livros trazem um pouco da intimidade, pensamentos e
curiosidades que de outra maneira não teríamos acesso. Registros de uma época,
de uma vida, frações de pensamentos através de cartas e poemas nos aproximam de nossos ídolos e só podemos
especular porque mudaram certas frases ou riscaram parágrafos que parecem
perfeitos.
Em 2014 foi lançado “So This is Permanence”, uma compilação
com os manuscritos das letras do Joy Division. São parte dos cadernos/agendas
que estavam sempre com o cantor, versões alternativas, letras inéditas e
algumas amostras da prosa de Ian Curtis.
A segunda parte do livro contem flyers de shows, cartas de
fãs, uma entrevista para um fanzine, reproduções da arte original dos singles e
os livros que acompanharam Ian Curtis: Rimbaud, Sartre, Dostoievski, Huxley...
Ian Curtis se suicidou em 1980 aos 23 anos. Seu legado
poético, sua voz e suas performances ecoam até hoje e de tempos em tempos é
ressuscitado. Por que? As pistas estão neste livro.
Curtis tinha essa urgência de
escrever, mostrar suas angustias, dúvidas e paixões através das músicas.Quais são os jovens músicos que fazem o mesmo nos dias de hoje? Eu só conheci um, há
muito tempo; Kurt Cobain e ele também está morto.
“A luz estava terrível, era meio da tarde, monótono e cinza
. Eu estava realmente preocupado que a minha carreira como “fotografo de rock”
iria terminar com essa sessão de fotos. Eu pedi para eles irem até o centro da
ponte, pensei que poderia tirar algumas fotos deles andando até mim como um
borrão.Também pensei em fotografar eles da estrada, minha câmera olhou para
eles; a banda olhando para longe de Manchester. Enquanto eles ficaram lá
esperando por mim, percebi que aquela era a foto que eu queria."
Esta é a história da foto preferida de Kevin Cummins; “The
road out of Manchester”, umas das famosas e icônicas fotos que o iniciante fotografo
tirou da também iniciante banda Joy Division no ano de 1979.
Antes da fotografia digital, você fotografava somente com um rolo
de filme e rezava para não perder o momento certo. Será que você lembra
disso? Se você nasceu depois de 1990 com certeza não !
Kevin Cummins lembra que contava cada “frame”, ele era um fotografo
freelancer no começo de carreira, tinha que bancar do próprio bolso cada rolo
de filme e cada revelação. As bandas fotografadas eram iniciantes, do cenário
punk, desconhecidas, muitas sem contratos de gravadoras, apenas com fitas demo ou compactos simples independentes e a maioria delas da cidade industrial de Manchester.
De uma dessas sessões saiu a primeira foto de Ian Curtis que
virou a capa na NME, jornal semanal britânico, que apresentou a banda para
grande publico.
Kevin Cummins acompanhou o Joy Division entre 1977 até 1979,
e esta compilação das suas fotos mostra a banda em ensaios, entrevistas e
shows. É um livro para ter e não emprestar para ninguém nunca ! Obs: deixar ver
somente com supervisão e usando luvas, pois todas as fotos são em P&B. No
livro Cummins explica que foram poucas as fotos do JD coloridas pois o filme e
revelação eram muitos caros e os jornais publicavam apenas em P&B.
Outro fotógrafo que acompanhou a banda e também fez fotos icônicas foi Anton Corbijin. Em 2007, Corbijin dirigiu “Control”, filme baseado na biografia da viúva
Deborah Curtis.
No ano de 2010, Kevin Cummins voltou à Hulme, Manchester, para tirar outras fotos da mesma ponte.
O cenário parecia o mesmo; frio,
cinza e monótono mas não havia neve
e não havia uma banda.
Joy
Division by Kevin Cummins (2010)
Editora:
Rizzoli
ISBN:
9780847834815
So This is
Permanence:
Joy
Division Lyrics and Notebooks by Ian Curtis (2014)
Editora:
Chronicle Books
ISBN: 9781452138459
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