Todo romancista tem seu estilo, sua maneira de contar a
história, de nos guiar pelo universo que ele criou e nos apresentar seus
personagens.
Quando viramos fãs desse escritor percebemos todas essas
pequenas nuances, sabemos mais ou menos como a história irá se desenrolar,
podemos ter ótimas surpresas e grandes decepções e mesmo ao final do livro,
reclamando ou aclamando, nós sempre queremos mais. E quando esse mesmo autor
nos mostra um novo livro, lá estamos nós na fila pra comprar.
É assim com grande parte dos fãs de Stephen King que já
conheci. Temos discussões acaloradas sobre os melhores e piores finais,
adaptações para seriados e cinema. Mas parece que sempre entramos em consenso
sobre uma coisa, o quanto as personagens femininas são fortes e predominantes
em boa parte da obra de King.
Talvez tudo começou com algo inconsciente, algo que Freud
explicaria ? Quem sabe.
Quando o pai de SK foi embora de casa deixando dois filhos,
Stephen com 2 anos e David com 4, quem teve que segurar a barra sozinha foi a
mãe, que se tornou a base para a formação, de muitas maneiras, do escritor que
conhecemos hoje.
A mãe de SK era uma leitora voraz e quando tinha algum tempo
para ficar com os filhos - geralmente trabalhava mais de 10 horas por dia para
sustentar a família - sempre lia histórias e contos de terror para os dois. Já
na adolescência, quando SK começa a escrever e sua mãe o incentiva “comprando”
estes contos, a qual ela pagava alguns centavos por histórias inéditas.
No livro “Sobre a escrita” King conta essa história na
primeira parte, que é uma mini biografia.Você percebe o quanto SK reconhece e
admira sua mãe e como isso reflete nas personagens ficcionais que ele criou
durante todos esses anos. São mulheres que vão sofrer, são prejudicadas de
várias maneiras, abusadas algumas vezes mas estão sempre prontas pra luta e na
maioria das vezes ganham a batalha.
E não podemos esquecer de sua esposa Tabitha, que segundo ele conta foi amor a primeira vista, ou risada.
“Em um dia quente de verão, no fim de julho, um bando de
ratos de biblioteca almoçava no gramado que ficava atrás da livraria da
universidade.Sentada entre Paolo Silva e Eddie Marsh estava uma garota linda,
com uma risada rouca, cabelos tingidos de vermelho e as pernas mais lindas que
eu já tinha visto na minha vida sob uma minissaia amarela. Eu nunca tinha
esbarrado com ela na biblioteca e não acreditava que uma estudante
universitária pudesse ter uma risada tão maravilhosa e destemida.(...) O nome
dela era Tabitha Spruce. Nós nos casamos um ano e meio depois.”
Tabitha também teve um papel crucial na recuperação de King,
principalmente quando, no inicio do sucesso ele começou a pegar pesado com as
drogas e álcool. Segundo o próprio escritor, sua mulher teve que segurar um
verdadeiro rojão ao ter que cuidar de 3 crianças e um marido viciado e SK
agradece até hoje por sua mulher não ter desistido dele.
Stephen King estava anos luz antes do termo “empoderamento
feminino” existir.
Em todos os livros da obra de SK que já li - e não são
poucos – nunca vi uma personagem feminina ser apenas a vitima, a personagem de
apoio, a mocinha pronta pra se apaixonar ou servir apenas como objeto sexual.
Na matéria abaixo - "As mulheres..." - está uma lista das suas principais personagens femininas, muitas
protagonistas inesquecíveis da literatura e algumas vezes bem representadas no
cinema também.
Boa Leitura !
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